Biblioteca, RP Fechada. 03 de Maio de 2013, Final da tarde.

Desprovidos de Maldade

Sendo Assim, Não Pensam.

Já havia se passado quase um mês desde os ocorridos, tanto com Rick quanto com Leonel. A verdade é que as duas coisas aconteceram rápido demais, talvez uma tenha chamado a outra, afinal após tudo o que aconteceu com Rick foi que eu vi o que sentia por Leonel com certeza, depois de dois dias eu me declarei e deu no que deu, Leo nem se quer olha na minha cara.

Após os acontecimento recentes eu não me concentrava em mais nada, era mania de perseguição minha, onde olha encontrava Leonel ou Richard, um me ignorava assim que notava os meus olhares enquanto outro me olhava com vontade e me comia com os olhos, e apesar do que sentia por Leo, eu gostava da maneira com que Rick me olhava. Isso virou um problema quando nas aulas eu não conseguia me concentrar por pensar nos dois, quando fazia algo errado por notar Richard ou Richard me olhando, porque eles precisam estar onde eu estou? Mas o que eu estou dizendo? Um é meu colega de quarto, ano e casa e o outro é monitor da minha casa, onde eu estiver um dos dois estará também.

Pela manhã, após viajar nas aulas de feitiços eu decidi que o melhor seria me entregar aos estudos e tentar esquecer tudo o que houve. Leonel não queria saber de mim mesmo, nem para uma amizade e convenhamos que quando eu der a Richard o que ele quer, ele também não vai querer mais saber de mim. Assim que acabou as aulas e após o almoço, eu fiquei no meu quarto fazendo algumas tarefas pendentes. Não sei o que estava acontecendo, mas tudo parecia ter ficado mais difícil, dificuldade em Defesa Contra as Artes das Trevas? Imagina, e até porque a matéria é dada pelo meu tio, eu não podia nem queria fazer feio para ele.

Passado-se um tempo eu terminei as tarefas pendentes, então resolvi ampliar os estudos, assim ocupo a mente e fico tranqüilo nas matérias que eu dei uma vacilada nesse mês. Resolvi ir até a biblioteca e pegar alguns livros para leitura, fazer algumas anotações e logo já devolveria.

“Vejamos, ‘Feitiços Aplicados’, ‘Como Repelir as Trevas’, ‘Teoria da Magia Intermediária’, ‘Transfigurações e Ilusões Mágicas’... Acho que já está bom”.

Saí da Biblioteca com uma pilha de livros nos braços, não iria ler todos naquele inicio de noite, mas já começaria por um, quando o acabasse iria para o próximo e assim eu teria ocupação por pelo menos umas duas semanas. Desajeitado como sou, no fundo já estava esperando alguma coisa, cair na escada com os livros, tropeçar no próprio pé, pisar no meu cadarço, ou... Esbarrar em outra pessoa.

– Nossa! Me desculpa mesmo, não foi minha intenção, eu estava... – Eu me levantando e notando quem era a pessoa que havia esbarrado. – Distraído. – Leonel também estava no chão, estava lindo. Meus livros formavam uma bagunça no corredor da biblioteca juntamente com os livros e papeis de Leonel que estavam ao chão também. – Espero não ter te machucado. – Estendi minha mão para o “amigo”. Não foi surpresa Leonel negar sua ajuda e se levantar sozinho e ainda dizer que só podia ser ele a fazer todo aquele alvoroço. – É, desde sempre sou atrapalhado, você sabe disso. – O garoto pegou os seus livros e tentou ajudar o amigo a recolher seus papeis e livros também, depois disso o silêncio tomou conta, um silêncio constrangedor interrompido por mim que não parava de olhar bem nos fundos dos olhos de Leonel. – Bem, então eu já vou indo nessa, desculpa mais uma vez. – Disse passando por Leonel e seguindo meu caminho.

Desprovidos de Maldade

Sendo Assim, Não Pensam.

No fundo eu já esperava uma reação assim de Leonel, recusar minha ajuda e me ignorar, o problema era que eu não queria admitir isso. Quando meu “amigo” já estava bem, recomposto e com os materiais em mãos, eu não tinha mais nada a fazer ali, eu já havia pego meus livros também e com o silêncio que preencheu o lugar tudo ficou nítido, conversa não teríamos.

Fui caminhando lentamente pelo corredor, em minha cabeça passava flashes de tudo o que já vivi com Leonel, amizade mesmo, embora agora tudo parecia fazer mais sentido, era como se eu sempre gostasse dele, só não tinha parado para pensar nisso. Meus pensamentos passavam rápidos e em questão de segundos eu tinha visto tudo o que passamos desde o primeiro ano na AML, desde o inicio na seleção das casas, desde o primeiro ano no mesmo quarto, desde o medo que eu fiquei no Helloween por ter uma decoração com palhaços e não conseguir dormir e Leonel me chamar para dormir com ele na cama, tudo era inocente, mas agora tudo parecia ter um outro sentido. Eu já estava pronto para acelerar os passos e voltar a pensar nos meus estudos quando uma única palavra, como um feitiço paralisante, me fez travar o andar e esperar por algo a mais.

Leonel havia pedido que eu esperasse, caminhou ate o meu encontro e ficou me olhando, eu o olhei bem no fundo dos olhos, mas nada foi pronunciado nem feito (não que eu esperasse que ele me desse um beijo), o melhor foi eu voltar a caminhar, passei por ele e dessa vez o olhava de canto de olho, qual seria sua reação agora? Será que queria me dizer algo e por eu ir embora ele desistiu? Será que esperava que eu dissesse algo?

Perguntas pairavam na minha mente quando outra palavra foi dita, meu nome, seguido de outra que eu não esperava. Leonel se desculpando comigo, era algo que me pegou de surpresa. Abracei mais forte ainda os livros e um inicio de sorriso se formou nos meus lábios, lentamente eu me virei, fitei aquele garoto que eu sentia mais que uma simples amizade, olhei bem fundo nos seus olhos que pareciam me hipnotizar, eu parecia estar mergulhando no oceano que eram aquelas duas esferas me olhando.

– Tudo bem Leo. Já passou. – Eu disse sorrindo e com as bochechas vermelhas. Permaneci parado esperando alguma outra reação positiva para só então tentar me aproximar dele novamente, depois de quase um mês.